domingo, 28 de fevereiro de 2010

O gato preto - Edgar Allan Poe

 
Para a muito estranha embora muito familiar narrativa que estou a escrever, não espero nem solicito crédito. Louco, em verdade, seria eu para esperá-lo, num caso em que meus próprios sentidos rejeitam seu próprio testemunho. Contudo, louco não sou e com toda a certeza não estou sonhando. Mas amanhã morrerei e hoje quero aliviar minha alma. Meu imediato propósito é apresentar ao mundo, plena, sucintamente e sem comentários, uma série de simples acontecimentos domésticos. Pelas suas conseqüências, estes acontecimentos, me aterrorizaram, me torturaram e me aniquilaram. Entretanto, não tentarei explicá-los. Para mim, apenas se apresentam cheios de horror. Para muitos, parecerão menos terríveis do que grotescos. Mais tarde, talvez, alguma inteligência se encontre que reduza meu fantasma a um lugar comum, alguma inteligência mais calma, mais lógica, menos excitável do que a minha e que perceberá nas circunstâncias que pormenorizo com terror apenas a vulgar sucessão de causas e efeitos, bastante naturais.

Salientei-me desde a infância, pela docilidade e humanidade de meu caráter. Minha ternura de coração era mesmo tão notável que fazia de mim motivo de troça de meus companheiros. Gostava de modo especial de animais e meus pais permitiam que eu possuísse grande variedade de bichos favoritos. Gastava com eles a maior parte do meu tempo e nunca me sentia tão feliz como quando lhes dava comida e os acariciava. Esta particularidade de caráter aumentou com o meu crescimento e, na idade adulta, dela extraia uma de minhas principais fontes de prazer. Àqueles que tem dedicado a afeição a um cão fiel e inteligente pouca dificuldade tenho em explicar a natureza ou a intensidade da recompensa que daí deriva. Há qualquer coisa no amor sem egoísmo e abnegado de um animal que atinge diretamente o coração de quem tem tido freqüentes ocasiões de experimentar a amizade mesquinha e a fidelidade frágil do simples Homem.

(... continua...)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

"Ói nóis aqui travez!!!"*



De volta a ativa, pós-férias que sempre parecem mais curtas do que realmente foram, a gente vai levando... Este ano teremos novidades, novas turmas e alunos circulando pela área: 2º ano de Música, Edificações e Trânsito; 4º ano de Trânsito e Edificações. Permanecem os alunos de Mineração, agora no 3º ano... E claro todos os meus "queridos" que agora estão no 3º ano e conseguiram se livrar de mim (rs).
2010 promete! Começa meu doutoramento na UnB, a Oficina de Literatura continua com tudo em cima, o projeto do blog tomando força (espero que consigamos dar um corpo a esse espírito que vaga pelas páginas da net!), muitos projetos e trabalho, etc, etc...
A todos que chegam, bem vindos! Aos que permanecem, que bom tê-los! Aos que foram, sigam bem!


Abraço carinhoso


Deusa Castro


* o título desta postagem faz referência à célebre frase de Didi, comediante genial, nos episódios de Os trapalhões... Recuperando a boa e velha oralidade, a frase diz muito do povo brasileiro (do qual, com orgulho e críticas, faço parte!!) que resiste bravamente, ano após ano.